Cândido Portinari - baiana Tarsila Do Amaral - seconda_classe

 

Puzzle Brasiliano
GILBERTO FREYRE

NORDESTE 
L’uomo e gli elementi. 
GILBERTO FREYRE
Traduzione Italiana di Alberto Pescetto. Milano: Rizzoli, 1970
Nella formazione etnica del Nordeste si verifica l'intensificarsi di un processo che fu comune biologica fra europei e non europei, risultandone meticci di europei con non europei in tal numero e in tali circostanze da agevolare grandemente la interpenetrazione delle tre culture rappresentate daí tre gruppi etnici posti a contatto cosi intimo: l'europeo (principalmente, se non esclusivametne, portoghese), l'amerindio e il negro africano. (...) Pertanto ciò che si verificò nel Nordeste fu un vasto processo di commistione razziale con varianti sottoregionali apprezzabili: nella Bahia agraria, ad esempio, la presenza africana fu particolarmente forte accanto a quella portoghese, mentre nelle altre sottoregioni si verificò di solito un maggiore equilibrio tra bianchi, negri e amerindi. Entro la costante del processo di commistione razziale e di interpenetrazione culturale, caratteristico della formazione etnico-sociale del Brasile, in generale, e di quella del Nordeste, in particolare, questa partecipazione di discendenti di non europei ad attività illustri, vuoi intellettuali o politiche, vuoi economiche o artistiche, si è venuta verificando in tal modo da potersi quasi escludere oggigiorno il pregiudizio di razza sia nel Brasile, in genere, che nel Nordeste, in specie, come ostacolo serio all'ascesa sociale del brasiliano, quale che possa essere la sua origine etnica. Se mai, esiste, ripeto, sotto la forma di un preconcetto di classe più che di razza propriamente detta.
Freyre, Gilberto de Mello

Freyre, Gilberto de Mello 
Recife 1900-1987

Scrittore e sociologo brasiliano

www.bvgf.fgf.org.br

Tarsila Do Amaral - quadro-Operarios Cândido Portinari - meticcio
Notti del nord
Caetano veloso
La schiavitù resterà
per molto tempo come la caratteristica
nazionale del Brasile.
Ha disperso nelle nostre vaste
solitudini una gran dolcezza

Bahia
GILBERTO FREYRE
Bahia de todos os santos (e de quase todos os pecados)
casas trepadas umas por cima das outras
como um grupo de gente se espremendo
pra sair num retrato de revista ou jornal
igrejas gordas (as de Pernambuco são mais magras)
toda a Bahia é uma maternal cidade gorda
como se dos ventres empinados dos seus montes
dos quais saíram tantas cidades do Brasil
inda outras estivessem p'ra sair.
ar mole oleoso com cheiro de comida
automóveis a 30$ a hora
e um "Ford" todo osso sobe qualquer ladeira
saltando, pulando, tilintando
p'ra depois escorrer sobre o asfalto novo
que branqueja como dentadura postiça
entre as casas velhas
gente da Bahia!
preta, parda, roxa, morena
cor de bons jacarandás de engenho
do Brasil
(madeira que cupim não rói)
sem caras cor de fiambre
nem rostos cor de peru frio
sem borrões de manteiga francesa
(cabelo ruivo de inglês e de alemão)
Bahia ardendo de cores quentes
carnes mornas gostos picantes
eu detesto teus oradores, Bahia de todos os santos,
teus ruys barbosas teus otávios mangabeiras
mas gosto dos teus angus e das tuas mulatas
tabuleiros flores de papel candieirinhos
tudo à sombra das tuas igrejas
todas cheias de anjos bochechudos
sãojoões, sãojosés, meninozinhos-Deus
e com senhoras gordas se confessando
a frades mais magros do que eu
(o padre reprimido que há em mim
se exalta diante de ti, Bahia
e perdoa suas superstições
teu comércio de medidas de Nossa Senhora
e de Nossos Senhores do Bonfim)
negras velhas da Bahia
vendendo mingau e vendendo angu
negras velhas de xale encarnado
e de mole peito caído
mães das mulatas mais quentes do Brasil
mulatas do gordo peito em bico
como p'ra dar de mamar
a tudo quanto é menino do Brasil
Bahia de quase todos os pecados
escorrediça lama de carne
ranger de camas de lona
sob corpos ardendo, suando de gozo
moquecas da preta Eva
caruru vatapá azeite de dendê
cachos de gordas bananas
balaios de enormes laranjas
bacharéis de pince-nês
gênios de Sergipe
bonecas de pano
mulatos de fraque
estudantes de medicina
chapéus do Chile
botinas de elástico
mulatinhos de fala fina
literatos que tomam a sério Mário Pinto Serva
requintados que lêem Guilherme de Almeida e Menotti del Picchia
patriotas que dão viva ao sr. Pedro Lago
chegado do Rio pelo Ruy Barbosa
e outros com saudade do doutor Seabra Bahia
um dia voltarei com vagar ao teu seio brasileiro
ao teu quente seio brasileiro
às tuas igrejas cheirando a incenso
aos teus tabuleiros escancarados em X
(esse X é o futuro do Brasil)
e cheirando a mingau e a angu.

("Antologia de Humorismo e Sátira", Editora Civilização Brasileira - Rio de Janeiro, 1957, pág. 365, seleção de R. Magalhães Júnior.)

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